Ancestralidade: perpetuação de conhecimento, saberes e identidade cultural

Rua do Pelourinho, em Salvador, Bahia, com seu calçamento de pedra e casarões coloridos que refletem a riqueza da arquitetura colonial brasileira. Ao fundo, a igreja barroca de fachada branca se destaca, representando a mistura de culturas e a ancestralidade presente nas influências africanas, europeias e indígenas que moldaram a história e o patrimônio cultural da região. O céu azul complementa a atmosfera vibrante e histórica do local.

A importância do respeito aos mais velhos, como forma de perpetuação de saberes e conhecimentos ancestrais

Diferentemente do eurocentrismo, a cultura africana e a cultura indígena, não descartam o que é considerado “velho”. Nessas culturas, a preservação e o respeito aos mais velhos, é enxergado como fonte de perpetuação de saberes, conhecimento e identidade cultural.

Em recente visita que fiz a Salvador, eu tive a honra de conhecer o Sr. Clarindo Silva, que eu denominei de patrimônio vivo da nossa história. Sr. Clarindo é responsável pela manutenção e revitalização de um dos nossos maiores patrimônios históricos e culturais: o Pelourinho. Com 82 anos, ele é considerado o “guardião” do Pelourinho. Através da atuação em diversas áreas da cultura, o escritor, jornalista, poeta e agitador cultural tem denunciado as mazelas e contribuído para a escrita de uma nova história para a região.

Assim como o Sr. Clarindo, eu tenho tido a oportunidade de conhecer tantos outros “mais velhos”, que com certeza, deixaram esse caminho um pouco mais leve para nós.

Mas Danúbia, e o que isso tem a ver com o nosso dia a dia, se estamos na era da Tecnologia da Informação?

Eu digo que, estamos sim, vivendo a era da tecnologia da informação. Mas, o que seria dela, se não fossem as pessoas? 

Para chegarmos até aqui, foi necessário que outras pessoas (vou denominar de anciãs) trilhassem esse caminho para nós. Porém, em outras culturas, possivelmente, essas pessoas foram descartadas. 

Eu quero resgatar a importância de olharmos com cuidado o que chamamos de “velho”, obsoleto”, descartável. É preciso estudar o passado, inclusive para melhorar os caminhos atuais.

Ressalto que, na cultura africana e indígena, a preservação e o respeito pelos mais velhos são fundamentais por várias razões:

  1. Sabedoria e Conhecimento: Os mais velhos são considerados portadores de sabedoria e conhecimento acumulado ao longo dos anos. Eles desempenham um papel crucial na transmissão de tradições, histórias e práticas culturais para as gerações mais jovens.
  2. Identidade Cultural: Os mais velhos ajudam a manter a identidade cultural viva, compartilhando a história e os valores de suas comunidades, o que é vital para a coesão social.
  3. Papel de Mentor: Muitas vezes, os mais velhos atuam como mentores e guias, orientando os jovens em questões de vida, decisões e práticas espirituais, contribuindo para o desenvolvimento pessoal e comunitário.
  4. Estrutura Social: As sociedades africanas e indígenas frequentemente têm uma estrutura social que valoriza a experiência e a autoridade dos mais velhos, reconhecendo sua importância na liderança e na tomada de decisões.
  5. Relações Intergeracionais: O respeito pelos mais velhos fortalece as relações entre as gerações, criando uma rede de apoio e solidariedade que é essencial para a sobrevivência e o progresso das comunidades.
  6. Práticas Espirituais: Em muitas culturas, os mais velhos também têm um papel importante em práticas espirituais e rituais, atuando como intermediários entre os vivos e os ancestrais.

Esses aspectos refletem uma visão de mundo que valoriza a continuidade, a aprendizagem e a harmonia dentro da comunidade, destacando a importância do legado e da conexão entre as gerações.

“O povo que não preserva o passado, não vive o presente, jamais poderá construir um grande futuro”. Clarindo Silva

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