Quem foi Carolina Maria de Jesus e qual a sua contribuição para a literatura afrobrasileira

carolina maria de jesus

A literatura brasileira é de fato muito rica, mas por muito tempo se mostrou um campo ‘engessado’. A atualidade traz consigo uma preocupação em diversificar a academia e, talvez, ressignificar os cânones literários, além de incluir novos nomes potentes como Carolina Maria de Jesus 

Carolina Maria de Jesus foi uma escritora que, na beleza de sua escrita, trouxe a voz da base ao contar a realidade de seu dia a dia enquanto mulher negra e favelada. A sua contribuição tornou a literatura brasileira menos engessada e mais plural.

Você conhece a história de Carolina Maria de Jesus? Conheça mais sobre a trajetória inspiradora dessa escritora.

Trajetória de Carolina Maria de Jesus: do quarto de despejo para a casa de alvenaria 

Nascida em 1914, na cidade de Sacramento, Minas Gerais, Carolina Maria de Jesus teve uma infância difícil, mas pôde usufruir da dádiva do conhecimento. Com apenas dois anos de estudo, a alfabetização despertou sua paixão pela leitura e pela escrita.

Em busca de melhores oportunidades, mudou-se para São Paulo. Logo se viu na favela do Canindé, onde vivia com seus três filhos catando papel para sobreviver. Ao longo da sua história, sentiu na pele as problemáticas de uma sociedade racista e desigual.

Ela se apropriou do conhecimento e das folhas em branco de cadernos usados que achava no lixo para registrar seu cotidiano e suas reflexões. Por vezes tentou ser reconhecida e, mesmo sem sucesso, não abandonou a escrita. 

Foi por acaso que o jornalista Audálio Dantas encontrou em meio aos barracos do Canindé os escritos de Carolina Maria de Jesus e de imediato reconheceu a potência daquelas palavras. A partir desse encontro ela passa a ser vista como um talento. 

Audálio ajudou-a a reunir seus escritos e publicar o seu primeiro livro: ‘Quarto de Despejo’. A obra ficou conhecida mundialmente e chegou a vender mais de dois mil exemplares diariamente. Sua escrita realista e imersiva rendeu-lhe reconhecimento e, especialmente, a oportunidade de deixar a favela.

As obras que sucederam não obtiveram o mesmo êxito. Infelizmente, caíram no esquecimento, o que não significa que eram inferiores à primeira, mas sim que ela, enquanto recém-saída da favela, já não interessava mais ao público. 

A literatura brasileira precisa de Carolina Maria de Jesus

Hoje, sua trajetória e obra é objeto de estudo e tema de teses literárias nos mais diversos lugares do globo.

Recentemente, Carolina Maria de Jesus recebeu o título de Doutora Honoris Causa pela  Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um reconhecimento póstumo que valoriza e ressalta a sua contribuição literária.       

Para ler e amar

Ler, reconhecer e recomendar é uma forma de honrar sua obra  e manter sua contribuição literária sempre viva. Por essa razão, trouxemos quatro indicações de alguns de seus principais escritos: 

  1. Quarto de despejo;
  2. Diário de Bitita;
  3. Casa de Alvenaria; 
  4. Meu estranho diário.

Para ver e amar

O Instituto Moreira Salles (IMS) recebe até o dia 03 de abril a exposição Carolina Maria de Jesus, um Brasil para os brasileiros

A exposição conta com amostras de manuscritos, fotografias e um largo acervo construído por acadêmicos pesquisadores.

A entrada é gratuita e a exposição pode ser vista no formato virtual, confira!

 

Texto por Gabriela Marques

A Gabriela gosta de dias ensolarados, calor e frutas tropicais e sente que a combinação desses três fatores com um bom livro resulta no paraíso. Ativista, é integrada às pautas raciais e de gênero, principalmente a interseccionalidade dos temas. Ela tem 22 anos e é estudante de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo. Atualmente trabalha na área de Comunicação, onde pretende traçar sua carreira.

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