A indústria do audiovisual e do cinema é fundamental para termos um bom repertório, expandir os horizontes e aprender mais sobre diversas problemáticas. Porém também está presente o racismo estrutural , excluindo e sub representando as mulheres e cineastas negras.
Segundo uma pesquisa da Superintendência de Análise de Mercado (SAM) desde 2014, atrizes pretas e pardas representam apenas 4,4% do elenco principal de filmes nacionais — ainda que grande parte da população feminina seja preta ou parda. Mesmo quando uma atriz consegue um papel são frequentes os papéis que as coloquem em uma posição de inferioridade.
De acordo com Sabrina Fidalgo, umas das cineastas mais reconhecidas no mundo, “O cinema brasileiro um dia só poderá ser assim considerado quando grande parte da população for representada” e apesar de o racismo estrutural se manter na indústria, há como driblarmos, lutarmos e criarmos estratégias para o enfrentar”.
Conheça a seguir algumas cineastas que lutam para que isso se torne realidade. Confira!
3 cineastas negras que você precisa conhecer
Sabrina Fidalgo
Quando questionada sobre quais os desafios que ela enfrenta na indústria como mulher negra diz: “São muitos, visibilidade, fomento aos projetos, penetração no mercado, etc. As pessoas acham que somos “café-com-leite” porque não dirigimos nenhum episódio de uma série da Netflix, por exemplo.
Sendo que quando você olha o currículo dos homens-brancos-hétero-cis gênero-ricos que ocupam esses espaços, eles não chegam nem aos nossos pés em termos de trajetórias, prêmios, referências, etc.”
A cineasta vê como solução para esse problema o movimento Black Money, o famoso “Comprar do meu semelhante ou como eu gosto de dizer é nós por nós “.
O conceito ainda é pouco conhecido no Brasil, mas se bem difundido e aplicado, tem potencial de reduzir as desigualdades financeiras da população negra, uma vez que grande parte não tem conhecimento em educação financeira.
Yasmin Thayná
É uma cineasta brasileira, roteirista e diretora do curta-metragem Kbela, Yasmin aborda a valorização e auto descoberta a partir do cabelo crespo nos trazendo uma reflexão bastante necessária sobre a construção da nossa identidade e como nos vemos como pessoas no mundo.
É um curta-metragem muito profundo e feito com financiamento coletivo também recebeu um prêmio do melhor curta-metragem da Diáspora.
Viviane Ferreira
Viviane é a segunda mulher negra brasileira a dirigir um filme de longa-metragem intitulado Jerusa.
O longa nos traz reflexões sobre a memória coletiva da população negra quebrando assim um jejum histórico da cinematografia brasileira, como a mesma disse em uma entrevista para a Carta Capital, quando questionada sobre a política de ações afirmativas na indústria, Viviane afirma.
“Diante da necessidade histórica de reparação estrutural e simbólica que o Estado deve à população brasileira, e as reivindicações do público por um conteúdo audiovisual cada vez mais representativo, em um país com mais de 50% da população compostas por pessoas negras.
O Programa Nacional de Políticas de Ações Afirmativas para o setor Audiovisual é elemento indispensável para o avanço e aprimoramento das políticas audiovisuais brasileiras e, consequentemente, para o fortalecimento do cinema nacional”.
Ela também é presidente da Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro ( APAN) e segue lutando diariamente contra o racismo no seu dia a dia.
E aí? Já assistiu alguma dessas produções? Conhece outras cineastas negras? Comente abaixo e confira também o texto: Escritoras negras: 7 mulheres negras para ler em 2021
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