Faça uma rápida reflexão: quando você pensa em grandes diretores ou diretoras de cinema, qual a imagem que vem na sua cabeça? Quando você pensa em atrizes ou atores famosos, qual a aparência deles? Quando pensa nos seus filmes preferidos, como são os aspectos físicos das pessoas que compõem o elenco e que história está sendo contada? Agora, pergunte-se: quantas pessoas negras fazem parte dessas respostas?
Esse rápido exercício pode levar a percepção de que, os filmes mais premiados e reconhecidos, são narrados e estrelados por um determinado grupo de pessoas. O movimento #OscarsSoWhite, iniciado em 2015, buscou escancarar a falta de representatividade e reconhecimento do cinema negro em Hollywood. Porém, a luta da comunidade negra por espaço no mundo do audiovisual começou muito antes.
Por que cinema negro?
O movimento protagonizado por pessoas negras de contar a própria história e produzir um cinema afrocentrado ganha força, principalmente, a partir da década de 70 do século passado. Com incentivos para a entrada de grupos racializados em algumas universidades dos Estados Unidos, o cinema negro passa a disputar espaço com a narrativa branca dominante no mundo do cinema.
Assim, o cinema negro é um movimento artístico, político e intelectual protagonizado por corpos negros, que produz narrativas de pessoas negras por pessoas negras. Ao ocupar um papel muito importante na conquista de espaços no mundo do entretenimento, o cinema negro também quebra estereótipos racistas e denuncia o racismo.
Mas para além disso, o longa ou curta metragem feito por corpos negros produz imagens e conceitos positivos de negritude, promove o resgate da identidade da pessoa negra, dissemina a cultura negra, e nos coloca como protagonistas de nossas próprias histórias.
A comunidade negra sempre resistiu diante das adversidades históricas, e construiu caminhos próprios. Apesar das dificuldades por mais espaço dentro do cinema, que perduram até hoje, o cinema negro vem nos presenteando com filmes e curtas que se tornaram clássicos. Vamos conferir algumas dessas obras!
5 obras do cinema negro
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A Cor Púrpura (1985)
Baseado na obra da escritora Alice Walker e dirigido por Steven Spielberg, o longa metragem conta a história de uma mulher negra. A experiência da intersecção de raça e gênero é retratada através das diversas violências vividas por Celie (Whoopi Goldberg) desde criança, assim como suas estratégias para ressignificar sua história de vida. O filme é um dos maiores marcos do cinema negro ao mostrar a realidade de uma mulher negra que é a vivência de muitas.
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Alma no olho (1973)
Curta-metragem dirigido e estrelado pelo pai do cinema negro brasileiro, Zózimo Bulbul. A produção é um clássico e uma grande referência para cineastas negros que vieram depois. O filme faz uma reflexão sobre o período de escravização e a necessidade da pessoa negra buscar liberdade. Com o lançamento do filme, Zózimo já nos conduz a um caminho de libertação, pois oferece perspectiva marcadamente afrocentrada. A obra está disponível no Youtube.
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Corra (2017)
O suspense psicológico dirigido por Jordan Peele tornou-se um grande clássico do cinema negro. O longa-metragem retrata a experiência do jovem negro Chris (Daniel Kaluuya) ao conhecer a família de sua namorada branca. É uma excelente produção para refletir sobre os efeitos do racismo na subjetividade de pessoas negras e brancas.
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Felicidade por um Fio (2018)
Dirigido por Haifaa al-Mansour, o filme conta a história de Violet (Sanaa Lathan) e como suas transformações são acompanhadas por mudanças no cabelo da personagem. Uma comédia romântica que consegue mostrar, com leveza, como a relação das mulheres negras com o próprio cabelo pode impactar na auto estima e em drásticas mudanças de rumo. Confira o trailer dublado.
- Cidade de Deus (2002)
Baseado na dissertação de mestrado de Paulo Lins, o longa-metragem foi dirigido por Fernando Meirelles, sendo um marco não apenas do cinema negro brasileiro, mas de todo o cinema nacional. O filme conta a história dos moradores da favela Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, durante os anos 70 e 80, a partir da narração do personagem Buscapé.
Lais Fischer – Turma 3
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