Bits da igualdade: o empoderamento em forma de código 

Uma jovem profissional negra, concentrada e sorridente, trabalha em seu laptop em um ambiente de escritório, simbolizando o empoderamento feminino na tecnologia. Papéis, caneta e uma xícara sobre a mesa reforçam seu foco e criatividade, destacando a importância da presença de mulheres em projetos de programação e inovação

O avanço tecnológico não é apenas uma revolução de bytes e algoritmos, mas uma poderosa alavanca para transformações sociais e econômicas que estão redesenhando o futuro de mulheres ao redor do mundo. 

Em países em desenvolvimento, incluindo o Brasil (sim, ainda estamos em desenvolvimento), a tecnologia tem se revelado uma aliada inseparável na jornada pelo empoderamento feminino, abrindo portas que por séculos permaneceram fechadas. 

Como uma ponte que conecta sonhos a oportunidades, as ferramentas digitais estão promovendo inclusão, elevando o nível educacional e construindo caminhos para a tão desejada autonomia econômica das mulheres…Viva!!!!

Nesta reflexão, tento mergulhar nas águas profundas dessa transformação, explorando como a tecnologia está não apenas remodelando, mas revolucionando o papel da mulher nessas regiões, com um olhar especial para a realidade brasileira, enquanto mapeamos os desafios e celebramos as conquistas desse movimento global.

Acesso à educação e formação profissional

A educação sempre foi a chave-mestra de qualquer coisa que desejamos, seja no âmbito profissional, pessoal ou intelectual e agora, com a tecnologia como sua aliada, temos visto portas se abrirem para milhões de mulheres ao redor do mundo. 

Plataformas de ensino online que transcendem fronteiras, como Coursera, Udemy e Khan Academy, têm sido verdadeiras janelas para o conhecimento, permitindo que mulheres cultivem habilidades em áreas antes impensáveis devido a barreiras geográficas, econômicas ou imposições culturais.

No Brasil, iniciativas como o “Programaria”, “PretaLab” e “Mulheres na Tecnologia” têm florescido, oferecendo cursos específicos de programação e desenvolvimento para o público feminino. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), embora as mulheres brasileiras representem 53,3% da força de trabalho total, elas ocupam apenas 20% dos cargos na área de tecnologia. Programas como estes buscam equilibrar essa balança, proporcionando não apenas conhecimento técnico e socioemocionais, mas também uma rede de apoio essencial para navegar em um setor tradicionalmente dominado por homens.

Essas iniciativas são mais que simples formações; são catalisadores de mudança que não apenas melhoram a empregabilidade feminina, mas também começam a desmontar, tijolo por tijolo, o muro da desigualdade de gênero no mercado de trabalho.

 Inclusão digital e conectividade

No grande tabuleiro do empoderamento, o acesso à internet é uma peça-chave. A conectividade não é luxo, mas necessidade vital que permite às mulheres acessarem informações cruciais, como cursos, workshops, construírem redes de apoio e vislumbrarem oportunidades de negócios que antes eram invisíveis aos seus olhos. Entretanto, o caminho digital ainda é acinzentado em muitas regiões, com obstáculos como acesso limitado à infraestrutura digital e custos proibitivos da internet. 

Aqui, onde a desigualdade digital reflete outras desigualdades sociais, projetos como o “Internet para Todas” têm focado especificamente em conectar comunidades periféricas, por consequência as mulheres, que em sua maioria vivem nessas comunidades. Dados da TIC Domicílios 2024 revelam que 66% das mulheres brasileiras ainda não têm acesso regular à internet, acessando apenas pelo celular, um número que cresce para 56% quando falamos de mulheres negras e indígenas dessas mesmas regiões.

Mulheres periféricas,  principalmente negras, são as que mais sofrem diante do Racismo Digital. 

Em Vila Velha, uma cidade de Vitória, o projeto “Conecta Mulher”  beneficiará mulheres de baixa renda com acesso gratuito à internet, empreendedorismos e capacitação básica em ferramentas digitais.

A  independência financeira

O empreendedorismo feminino em países emergentes, têm utilizado a tecnologia como uma parceira inseparável. Plataformas digitais como Instagram e no contexto brasileiro, Elo7 e Mercado Livre, têm democratizado o comércio, permitindo que mulheres transformem habilidades tradicionais em negócios prósperos, sem a necessidade de um espaço físico ou grandes investimentos iniciais. Esta revolução silenciosa tem sido especialmente transformadora para mulheres que enfrentam restrições culturais, familiares ou geográficas que dificultam sua participação no mercado de trabalho convencional.

O Brasil tem uma realidade única: segundo o Sebrae, as mulheres já representam 34% dos empreendedores do país, com crescimento de 40% nos últimos cinco anos entre negócios liderados por mulheres no ambiente digital. O programa “Sebrae Delas” já capacitou mais de 16.920.399 brasileiras em habilidades digitais para negócios, resultando em aumento médio de 25% na renda das participantes.

Além do e-commerce, as fintechs têm revolucionado o acesso a serviços financeiros para mulheres empreendedoras. No cenário internacional, aplicativos como M-Pesa, que transformou a economia do Quênia, permitem transações financeiras seguras e acessíveis. 

No Brasil, o “Banco Maré” tem sido fundamental para incluir financeiramente mulheres de baixa renda, muitas das quais nunca tiveram uma conta bancária tradicional, seja por não terem conhecimento,  documentos ou serem totalmente dependentes financeiramente de seus companheiros. O “Crédito para Elas”, programa específico para mulheres empreendedoras, já facilitou mais de R$2 bilhões em microcréditos para negócios femininos através de plataformas digitais.

A tecnologia também tem nutrido o solo fértil das redes de apoio para mulheres, conectando-as através de oceanos e fronteiras com outras que enfrentam desafios semelhantes. Comunidades virtuais como grupos no Facebook, fóruns online e aplicativos como “She Leads Africa” e, no Brasil, “Rede Mulher Empreendedora” e “PretaHub”, oferecem espaços acolhedores para troca de experiências, conhecimentos e suporte emocional. Essas comunidades são mais que simples grupos digitais; são verdadeiros santuários onde mulheres encontram vozes que ressoam com suas próprias histórias e desafios.

No Brasil, a plataforma “Mapa do Acolhimento” conecta digitalmente mulheres vítimas de violência a uma rede de advogadas e psicólogas voluntárias. Desde seu lançamento, já atendeu mais de 10.000 mulheres em situação de vulnerabilidade, demonstrando como a tecnologia pode ser uma ferramenta poderosa na construção de redes de solidariedade feminina.

Apesar das ondas de avanço que testemunhamos, o mar do empoderamento digital feminino ainda enfrenta tempestades significativas. A exclusão digital continua sendo uma realidade dolorosa, afetando principalmente mulheres em comunidades rurais, periféricas e de baixa renda. 

A tecnologia não é apenas um conjunto de ferramentas, mas um poder transformador que tem redesenhado o mapa do empoderamento feminino em países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. Ao proporcionar acesso à educação, conectividade, oportunidades de negócios e redes de apoio, a inovação digital tem sido uma aliada poderosa na redução da desigualdade de gênero e no fortalecimento da autonomia feminina.

No entanto, para que essa revolução digital realmente floresça e dê frutos para todas as mulheres, é essencial que governos, empresas e organizações sociais atuem de forma coordenada, investindo em infraestrutura acessível, programas de capacitação inclusivos e políticas públicas que promovam não apenas o acesso, mas também a apropriação significativa da tecnologia. O Brasil, com sua diversidade e desafios únicos, tem a oportunidade de ser um laboratório de inovação social, desenvolvendo soluções que possam inspirar outros países em desenvolvimento.

Somente através desse compromisso coletivo poderemos construir uma sociedade verdadeiramente justa e igualitária, onde a tecnologia não seja mais uma barreira, mas uma ponte que permita a cada mulher, independentemente de sua origem, classe social ou localização geográfica, exercer plenamente seu potencial e escrever sua própria história de empoderamento no livro da era digital. O futuro da tecnologia deve ser feminino, plural e acessível – e o tempo para construí-lo é agora.

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