Os jogos africanos estão sendo cada vez mais incorporados ao cotidiano dos brasileiros. No entanto, essas influências não são novas e já estão presentes no Brasil desde a chegada dos povos africanos no país.
O que acontece é que atualmente alguns grupos têm feito o movimento de retomada e visibilização das influências da cultura africana para o nosso povo, com a intenção de reafirmar essa conexão com o continente que é berço artístico, científico e cultural do mundo: a África.
Isso vem sendo retomado de diversas formas, especialmente no que diz respeito às práticas de ensino. Jogar é uma arte antiga e especialmente didática. Para muitas culturas, é um momento de laços, fortalecimento da identidade e memória de um povo.
Dessa forma, educadores têm usado jogos africanos como estratégia de aprendizagem dentro das escolas e nas comunidades. Siga nessa leitura e saiba mais!
A cultura africana e suas influências no modo de vida dos brasileiros
Os jogos africanos atravessam gerações, retratam o modo de vida de um povo e a cosmovisão comunitária que, mesmo diante dos movimentos de diásporas forçadas, atravessou oceanos e continuou construindo espaços de trocas e aprendizados.
A cultura africana está presente em diversos aspectos das vivências da população brasileira. As manifestações culturais são carregadas de elementos fortemente ancestrais que vem de muito antes do período em que a população africana foi trazida à força para o Brasil sem possibilidade de retorno às suas terras.
Desse modo, além das influências na música, gastronomia e religião, existe também uma grande contribuição do modo de vida brincante e alegre dos povos africanos.
Um grande exemplo disso são os jogos, brincadeiras e cantigas de roda que quase todo brasileiro já experimentou no período da infância.
A essa altura você deve estar curiosa para conhecer mais das brincadeiras africanas. Pensando nisso, listamos alguns jogos africanos para você conhecer e se encantar.
3 jogos africanos para você conhecer
1. Amarelinha africana ou Teca-Teca
Essa é uma brincadeira que envolve ritmo, coordenação motora e muita vontade de se entregar à diversão.
Ela é de origem moçambicana e tem como principal característica o uso do corpo em movimentos ritmados através das músicas ou das palmas, que irão definir os movimentos na hora do jogo.
Esse jogo africano pode ser praticado por uma ou mais pessoas. É estruturado em um espaço demarcado por 16 quadradinhos distribuídos entre 4 fileiras de 4 colunas.
Os movimentos que irão ser feitos durante a brincadeira são definidos antes do início do jogo, entre os participantes, assim como a forma como o ritmo será marcado. Após essas definições, é só se entregar à diversão.
No Brasil, existe uma brincadeira de mesmo nome e com a estrutura um pouco parecida com a brincadeira africana. No entanto, na amarelinha brasileira, as músicas utilizadas não são com a intenção de determinar o ritmo dos movimentos a serem feitos.
Abaixo, você pode ver um vídeo da amarelinha africana.
2. Garrafinha
É uma brincadeira angolana que pode ser feita em um espaço livre, como uma quadra. São divididos dois grupos de 3 a 8 pessoas e no centro do espaço, as pessoas de uma das equipes tentam encher com areia algumas garrafinhas.
Enquanto isso, a outra equipe arremessa uma bolinha, com a intenção de atingir as pessoas que estão no centro. Quando a bolinha acerta alguém, as equipes trocam de lugar.
Essa brincadeira não tem o objetivo de uma das equipes saírem vencedoras. O objetivo é apenas que todos se divirtam.
3. Awalé
O Awalé é um jogo de estratégia que reflete muito da memória coletiva e ancestral dos povos africanos.
Para jogá-lo, são usadas as sementes do baobá, que é considerada por alguns biólogos como uma das árvores mais antigas da Terra. No que diz respeito às crenças africanas, esta árvore é símbolo de fertilidade, vida e fartura.
Este jogo é praticado em todo o continente africano e também recebe outros nomes, como Owaré, Chosolo, Kalan e, no Brasil, é bastante conhecido como Mancala.
Nos países diaspóricos ele é difundido nas mesas de jogos, em metodologias de ensino de matemática e na vivência de crianças em comunidades que referenciam fortemente a cultura africana.
“Semear para colher é o princípio fundamental, que não varia. Esse é o segredo e a fonte, na prática ancestral africana, da troca.” (Heloisa Pires Lima)
Desse modo, o jogo é baseado no princípio da semeadura, o sucesso do jogador depende não apenas do pensamento analítico e estratégico, mas também da forma com que suas sementes são plantadas e, sobretudo, da troca. Saber doar faz você mais consciente das potências daquilo que você recebe do outro.
Não à toa, escolhemos esse jogo para dar nome a uma empresa cujo propósito é ampliar o número de mulheres negras e indígenas trabalhando com Marketing Digital. A seguir, você vai saber um pouco mais sobre essa ligação.
Se você ficou curiosa, há vários vídeos no Youtube que ensinam a jogar a Mancala Awalé.
Awalé: uma empresa que acredita na semeadura
A partir dessa perspectiva de troca, surgiu a Comunidade Awalé, uma rede de colaboração, compartilhamento de conhecimento e conexão entre mulheres negras, indígenas e empresas diversas. A Awalé atua em dois segmentos:
Awalé para Empresas
Neste segmento, atuamos em projetos de Marketing de Conteúdo e Inbound Marketing para clientes que buscam um serviço de estratégia personalizado e qualificado para ajudar no desenvolvimento da sua empresa.
Awalé para Comunidade
Aqui, a Awalé atua promovendo conhecimento, empoderamento e oportunidades para mulheres negras e indígenas que desejam desenvolver habilidades em áreas relacionadas ao Marketing de Conteúdo.
Desse modo, oferecemos um curso de conteúdo criativo e SEO de maneira gratuita. Três edições já aconteceram e estamos preparando as próximas.
Semear é acreditar que a comunidade tem o poder de criar conexões de impacto e fomentar espaços saudáveis para o crescimento profissional, individual e coletivo. Por isso, somos uma Comunidade que cria, transforma e empodera no mundo do Marketing Digital.
Além do marketing digital
Uma das alunas da Turna 2 do nosso curso de conteúdo, Roberta Domingos, apreendeu muito mais que ensinamentos sobre marketing digital. Curiosa também sobre o nome da empresa, descobriu que “Awalé” era um jogo africano e decidiu colocá-lo em prática.
Roberta é professora e, mesmo não tendo o jogo oficial, decidiu reproduzir a brincadeira em sala de aula, com muita criatividade e papel.
Isso porque, na prática, o Awalé pode ser jogado com qualquer outro tipo de semente ou objeto (até bolinha de papel!). Para simular o tabuleiro e as peças, há quem improvise com caixas de dúzias de ovos e grãos de feijão, por exemplo.
“O curso me abriu outros caminhos. A partir desse nome [Awalé], eu comecei a pesquisar e apliquei o jogo com os meus alunos. O curso me motivou a fazer outros movimentos, foi super importante pra mim.” – Roberta Domingos
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Louise tem 28 anos, é filha de Maria e Dandalunda, mulher negra, bissexual, candomblecista e baiana. Cursa Bacharelado em Letras Vernáculas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e atua como escritora profissional há seis anos. Foi nesses caminhos com a escrita, que encontrou e se apaixonou pela escrita persuasiva e estratégica do marketing de conteúdo.