Embora muitas pessoas defendam a ideia de que a língua portuguesa possui uma linguagem inclusiva, essa não é uma verdade.
O português, assim como outras línguas derivadas do latim, possui fortes marcadores de gênero. Isso significa que a forma como escrevemos ou falamos está sempre marcando o feminino, ou o masculino nas palavras. Esse modo de expressão linguística acaba excluindo ou apagando todas as identidades de gênero que não se encaixam nessa binariedade.
Assim, adotar uma linguagem inclusiva é uma forma de incluir grupos minorizados à linguagem, fazendo com que essas pessoas também se sintam pertencentes.
Mas, como contornar esses marcadores de gênero e tornar a linguagem mais inclusiva? É sobre isso que vamos falar neste artigo. Siga na leitura para saber mais.
Por que usar a linguagem inclusiva?
Todo mundo que trabalha com produção de conteúdo, em algum momento já se deparou com palavras sendo escritas ou faladas de forma diferente do que era habitual. Pessoas colaboradoras, pessoas redatoras, tod@s, amigues são exemplos dessa nova forma de expressão.
Mas, o que isso quer dizer e qual a importância de adotar esse novo uso da linguagem?
Esses usos estão relacionados a movimentos que sugiram com o objetivo de transformar a comunicação para que ela se torne mais inclusiva. Desse modo, essas novas linguagens são chamadas de inclusivas e neutras, respectivamente.
Existem muitos argumentos a favor do uso das linguagens neutra e inclusiva, entre eles estão o fato de que seus objetivos são:
- visibilizar e identificar todos os gêneros;
- respeitar e acolher a diversidade;
- denunciar o machismo e as opressões de gênero.
Além disso, esse uso também reforça uma luta histórica por visibilidade de grupos historicamente tidos como minorias e que foram silenciados de diversas formas, inclusive por meio da língua portuguesa.
Assim, comunicar-se de maneira inclusiva é uma forma de estabelecer um ambiente diverso e seguro, fazendo com que todas as pessoas que compartilham daquele espaço se sintam pertencentes a ele. Além de demonstrar que sua marca está atenta à diversidade de consumidores e consumidoras.
Mas, embora pareça que linguagem inclusiva e linguagem neutra são a mesma coisa, não se engane. Existem diferenças importantes entre elas.
Diferença entre linguagem neutra e linguagem inclusiva
Apesar de fazerem parte do mesmo nicho linguístico, que são os grupos voltados para as discussões de gênero e sexualidade, existem diferenças nas duas linguagens e suas intenções também são distintas.
Desse modo, é importante saber as diferenças na hora de produzir conteúdos ou escrever textos que tenham a intenção abranger estes grupos.
Siga na leitura e saiba quais são as diferenças entre elas e como usar a linguagem inclusiva na escrita de artigos.
Linguagem inclusiva
A linguagem inclusiva, como o nome já diz, é aquela que envolve todas as pessoas, sem o uso dos marcadores de gênero e sem alterar a ortografia das palavras. Por esse motivo, ela também é conhecida como linguagem não sexista.
Mas, como usá-la na escrita de textos? Veja abaixo um exemplo prático:
Uso da linguagem não inclusiva: Homens e mulheres estavam dançando.
Uso da linguagem inclusiva: As pessoas estavam dançando.
Ou seja, as palavras homens e mulheres são palavras que marcam gênero e, por isso, para tornar a frase inclusiva, essas palavras podem ser substituídas por uma palavra que não defina o gênero, como é o caso da palavra pessoas.
Linguagem neutra
A linguagem neutra, também conhecida como não binária é aquela que evita a binaridade entre os gêneros feminino e masculino. Para isso, acontecem algumas mudanças nas grafias das palavras por meio do gênero E, ou dos símbolos X e @.
Veja abaixo:
- “es menines”
- “iles estão brincando”
- “xs meninxs estão aqui”
- “tod@s foram convidad@s”
No caso do uso de símbolos como o X ou o @, existe uma discussão entre os estudiosos da lingüística que defendem que esse uso torna a leitura mais difícil para algumas pessoas, como, por exemplo: pessoas com deficiência visual (que usam programas de leitura de textos), surdos e pessoas com dislexia.
Eles defendem que esses grupos não são incluídos no uso da linguagem neutra. Por isso, ao produzir um texto, a dica é que sempre que possível você priorize o uso da linguagem inclusiva, uma vez que esta abrange de forma geral e não exclui nenhum grupo.
Agora que você já sabe o que é linguagem inclusiva e qual a importância de adotá-la, conheça também algumas dicas praticas de como usá-la.
3 dicas que vão ajudar você a adotar a linguagem inclusiva na escrita de textos
1. Substitua palavras masculinas ou femininas por termos genéricos
Substituir as palavras que possuem marcadores de gênero por termos genéricos é uma boa maneira de tornar seu texto mais inclusivo.
Exemplos práticos:
- “as mentoras” pode ser substituído por “a equipe de mentoria”;
- “mantenha-se atualizada” pode ser substituído por “continue se atualizando”;
- “os interessados devem enviar o portfólio” pode ser substituído por “tem interesse? Envie seu portfólio”
2. Quando usar substantivos que variam de acordo com o gênero, substitua por “pessoas”
Exemplo prático:
- “Os funcionários” podem ser substituídos por “pessoas que trabalham na empresa”.
3. Quando houver a necessidade do uso do marcador de gênero, coloque a palavra com o marcador do gênero feminino em primeiro plano
Exemplos práticos:
- Redatoras e redatores;
- Administradoras e administradores;
- Empreendedoras e empreendedores.
Agora que já anotou essas dicas, não se esqueça de continuar se atualizando para produzir textos cada vez melhores.
Quer mais dicas de escrita? Leia o artigo Administração de tempo para redatoras: 5 dicas para ser produtiva.
Louise tem 28 anos, é filha de Maria e Dandalunda, mulher negra, bissexual, candomblecista e baiana. Cursa Bacharelado em Letras Vernáculas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e atua como escritora profissional há seis anos. Foi nesses caminhos com a escrita, que encontrou e se apaixonou pela escrita persuasiva e estratégica do marketing de conteúdo.