Maya Angelou: conheça mais sobre as obras da primeira mulher negra na moeda de dólar

escritora negra americana

Maya Angelou foi uma das mulheres negras com maior representatividade no meio ativista dos Estados Unidos da América. Apesar das cicatrizes de um estupro, sobreviveu aos traumas de infância e se levantou. Através de uma das suas obras mais famosas “Eu sei por que o Pássaro Canta na Gaiola”, ela compartilhou um pouco de suas dolorosas lembranças.

Quer descobrir mais sobre a Maya? Então, venha descobrir quem foi esta mulher e por que ela foi a primeira mulher negra a ter sua imagem estampada em uma moeda de dólar americano.

Mas afinal, quem foi Maya Angelou?

Marguerite Ann Johnson, nasceu em 04 de abril de 1928, na cidade de St. Louis, Missouri e teve uma infância assustadora vivendo afastada da mãe até os 14 anos. O nome Maya, viria tempos depois por conta do apelido derivado de “My” ou “Mya sister” (minha irmã), que ganhou do seu irmão mais velho.

Estuprada pelo namorado da mãe aos 7 anos, adquiriu um mutismo que perdurou até os 12 anos. Contudo, essa voz veio à tona através de uma vizinha muito querida que despertou em Maya o gosto pela poesia, que lhe acompanhou por toda a vida.

Mas antes de se tornar referência em literatura e poesia, a jovem foi a primeira mulher negra a ser motorista de ônibus em São Francisco, com apenas 15 anos, entretanto essa não seria a primeira vez que ela seria considerada uma vanguardista do seu tempo. Maya se tornou mãe  do Guy Johnson, aos 17 anos.  Em 1945 e atuou como dançarina, cozinheira e tantas outras ocupações para obter seu sustento nos anos seguintes.

“Eu Sei Por que o Pássaro Canta na Gaiola” 

Em 1969, aos 42 anos, publicou “Eu sei por que o pássaro canta na gaiola”, com o qual tornou-se uma das primeiras mulheres negras a emplacar com um best-seller nos EUA. Em seguida publicou outras sete autobiografias, sendo a última em 2013.


O livro conta a história de Marguerite que foi morar com a avó em Stamps, Arkansas, após a separação dos pais. A jovem cresceu no mercado da avó entre as décadas de 30 e 40 onde teve contato com as histórias dos negros que trabalhavam colhendo algodão e aprendeu matemática na prática ao pesar grãos e passar trocos. É nesse cenário que sua consciência é construída sob influência desses relatos tão frequentes, assim como da religiosidade da avó.

No cinema e na TV, ela foi diretora, roteirista, produtora e atriz. Na indústria fonográfica, Maya brilhava mesmo era nos discos em que declamava textos. Ela venceu três Grammys na categoria de Melhor Álbum de Palavra Falada ou Álbum Não Cantado. 

No ano de 1972, a escritora se tornou a primeira mulher negra a ter um roteiro produzido: a obra Geórgia, Geórgia. Publicou ainda, Poesia Completa, Carta a minha filha, A vida não me assusta, Mamãe & Eu & Mamãe, edições disponíveis no Brasil.

Ativismo no movimento negro e feminista

Nos anos 1960, militou ativamente pelo fim da segregação racial nos EUA junto à Martin Luther King e Malcolm X. Além disso viajou para África, onde pode trabalhar como professora e jornalista vivenciando os processos de independência africanos.

Simultaneamente a esses eventos ela também participou dos comitês presidenciais de Gerald Ford (1913-2006), no ano de 1975, e Jimmy Carter, em 1977. Além disso, foi professora de Estudos Americanos na Wake Forest University. Em 1993 teve a oportunidade de recitar seu poema “No despontar deste novo dia” na posse do presidente Bill Clinton.

“Mulher, criança, homem,
Agarre esse dia com as mãos
E o molde na forma do seu
Mais profundo desejo. Esculpa o dia
À sua mais própria imagem e semelhança.
Erga seu espírito.

Cada nova hora que chega promete
Possibilidades infinitas para um novo começo.
Não se deixe paralisar pelo medo
Ou aprisionar eternamente
Pelo ódio e a violência”. (Trecho do poema)

A ativista recebeu diversas condecorações durante a vida como, por exemplo, a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior honraria concedida a um civil nos Estados Unidos. Essa medalha lhe foi dada em 2011, por Obama. Três anos depois, Maya viria a falecer, em 28 de maio de 2014, aos 86 anos.

Maya Angelou, primeira mulher negra estampada em uma moeda de dólar

No dia 10 de janeiro de 2022, a Casa da Moeda dos EUA anunciou que a moeda de 25 centavos seria cunhada com o rosto de Angelou que, era acima de tudo, um importante nome do ativismo pelos direitos civis e pela igualdade racial e feminista no país. Maya Angelou se tornou a primeira mulher negra a estampar moedas de dólar nos Estados Unidos.

Ela estampa o verso da nova geração das moedas de 25 centavos de dólar, as mais utilizadas do país. Assim este é o primeiro exemplar de uma série denominada Prominent American Women (mulheres americanas proeminentes, em tradução livre), que homenageará várias mulheres ilustres.

E aí, você já conhecia a história da Maya Angelou? Acompanhe nossas publicações e conheça outras mulheres negras que marcaram a história. Leia o artigo Escritoras negras: 7 mulheres negras para ler em 2021 e saiba mais.

Texto escrito por:

Fernanda de Moraes

Uma mulher negra, feminista, mãe e apoiadora da causa animal, nascida e ainda moradora da cidade de Ilhéus-Bahia. Economista e consultora por formação. Administradora do perfil no Instagram Primeira Impressão. Produz conteúdo literário diariamente. Já escreveu artigos para o site Baobabe e participou com um conto no e-book Um conto de tudo. Demorou para descobrir toda força que havia nela, agora ainda frágil, luta.

 

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