A moda indígena expressa sua diversidade, beleza e representatividade em cada detalhe. Num país como o Brasil, com mais de 206 povos de diferentes etnias, temos uma variedade de cores, grafismos, texturas, estampas e tramas construídas ao longo de mais de 500 anos, antes mesmo da invasão colonial. Para além de beleza, falar de moda indígena é mencionar a resistência de povos, que construíram sua arte com muito respeito à ancestralidade e à natureza.
Essa moda indígena é originária e original, cheia de resistência e vem se destacando e ocupando espaços na indústria.
Para falar de arte e tendência, e moda indígena, vamos trazer alguns artistas e fashionistas que estão se destacando no mundo fashion e construindo seu legado cheio de subjetividade, respeito e beleza.
Moda indígena: We’e’ena Tikuna
A estilista e ativista We’e’ena Tikuna, da Terra Indígena Tikuna Umariaçu, no Amazonas, lançou em 2019 sua grife de roupas na Brasil Eco Fashion Week. A coleção Tururi Nho’É foi desenvolvida através do Tururi, uma fibra que após extraída é transformada em um tecido, dando origem às peças feitas pela artista. Além da coleção de roupas, We’e’ena Tikuna também possui a sua própria marca de bonecas indígenas, inspiradas no grafismo e beleza do povo Tikuna.
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Moda indígena: Day Molina
A estilista Dayana Molina é indígena do povo Fulni-ó, fundadora da NALIMO, uma marca construída por mulheres, no mercado há 5 anos, focada em moda decolonial com compromisso político e responsabilidade ambiental. É composta por peças minimalistas, cheias de conforto, representatividade e ancestralidade.
Day foi uma das convidadas do desfile do Baile da Vogue em 2022. A artista segue protagonizando espaços de força, com criatividade e cultura. A NALIMO possui espaço físico e fica localizado no bairro de Santa Efigênia, em São Paulo (SP).
Moda indígena: Sioduhi
O estilista amazonense Sioduhi, do povo Pira-tapuya, é fundador e desenvolvedor do Sioduhi Studio. Criador de uma linha de peças agênero, sua referência é o futurismo indígena, produzindo um estilo voltado à moda casual, esportiva e utilitária. A marca, que foi destaque na sexta edição da Brasil Eco Fashion Week, vem estabelecendo na sua atual coleção, chamada MANIOQUEEN, conexões territoriais, sobrepondo tempo, espaço e tecnologias nativas.
Sioduhi segue construindo um legado autêntico e potente na moda indígena. Suas peças podem ser compradas através da loja online.
Moda indígena: Sofia Gama
A comunicadora, artista visual, modelo e designer de moda Sofia Gama é criadora de peças que misturam bordado, argila, cerâmica e alfaiataria. Protagonizando espaços importantes na moda indígena, Sofia ocupa as passarelas desfilando para marcas como Farm, Renner, Magalu, Mauricio Duarte, dentre outras.
A artista assina a coleção “Água do rio que foi pro mar”, criada recentemente em colaboração com a Loja Três. Com peças versáteis e criativas, técnicas com miçangas, tramas e tecidos sustentáveis demonstram o respeito à natureza e suas possibilidades.
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Conheça o estilista indígena revelação da São Paulo Fashion Week 2023
Mauricio Duarte foi uma das revelações e destaque da São Paulo Fashion Week 2023. O estilista manaura, de 27 anos, do povo Kaixana, estreou a coleção Tramas, valorizando as técnicas artesanais e enaltecendo as fibras brasileiras, principal matéria-prima na construção das peças que estiveram no desfile.
Com conceito de moda sustentável e sem gênero, os looks da coleção foram vestidos por indígenas de todo o país que, juntos, tramaram uma rede de afeto, tradição e coletividade.
Mauricio cresceu em uma família de artesãos. Daí vêm as referências e inspirações do seu processo criativo. Além das passarelas, o jovem atualmente recebe clientes e admiradores em seu ateliê, no bairro de Pinheiros, em São Paulo (SP).
A contribuição indígena na moda não é novidade. Romper padrões e descolonizar a indústria, trazendo consciência ambiental e social, é uma das missões de tantos artistas indígenas que estão ocupando e protagonizando o universo fashion.
Gostou de conhecer esses artistas que transformam e fortalecem o cenário da moda indígena? Já possui alguma roupa ou acessório produzido por eles? Conta para a gente nos comentários.
Texto por Barbara Freie – turma 5
Me chamo Bárbara Freire, sou indígena potyguara, moradora de Natal, no Rio Grande do Norte. Graduada em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Desenvolvo projetos voltados a produção executiva para o audiovisual e eventos. A escrita para diferentes mídias também é parte essencial do meu repertório de atividades. Acredito na comunicação enquanto uma ferramenta potente geradora de possibilidades e de abertura e expansão de conhecimentos e caminhos.
Conteúdos produzidos pelas alunas do Curso de Conteúdo Criativo e SEO da Awalé.