Propósito não sustenta um CNPJ: negócios de impacto não são ONGs

foto para ilustrar o artigo sobre negócios de impactp

Propósito não paga boleto. Modelo de negócio, sim.

Esse ano, o Governo Federal lançou a plataforma Cadimpacto – Cadastro Nacional de Empreendimentos de Impacto, com o objetivo de impulsionar um ecossistema de negócios que contribuam para uma economia mais justa, sustentável e inclusiva.

E por que estou trazendo esse lançamento logo no início da coluna?
Porque precisamos nos munir de informação e ampliar nossa visão sobre o que significa, de fato, um negócio de impacto. Negócio de impacto não é caridade.
Se não gera receita, não gera impacto. É só uma boa intenção com prazo de validade.
Falo isso com base em experiências reais que vivi e em muitas histórias que acompanho de perto: empreendimentos com propósito fechando as portas. Os motivos são vários, mas um dos mais recorrentes é a falta de um modelo de negócio sólido e sustentável.
Nos últimos anos, o Brasil avançou na pauta do empreendedorismo de impacto, com apoio do setor público e de iniciativas privadas. Mas os desafios econômicos e geopolíticos do cenário atual têm colocado pressão sobre esses negócios. Para resistir e crescer, é preciso estratégia!

E uma das principais estratégias é essa: desde o início, construir um modelo que gere receita e, por consequência, gera impacto.

Mas eu não aprendi isso logo de cara

Em 2021, participei da criação de um projeto chamado EDULETIVO, junto com alguns parceiros. Fomos premiados, reconhecidos… mas nunca viramos um negócio de verdade. Por quê? O modelo de receita desenhado dependia de doações. Ou seja, era mais uma boa intenção com data pra acabar.

Depois desse “erro”, comecei a olhar para negócios de impacto com menos romantismo e mais responsabilidade.

Recentemente, conversei com um jovem de 17 anos que está construindo seu primeiro projeto. Quando recebi a proposta de fazer parte, minha primeira pergunta foi direta:
“Você está criando uma ONG ou um negócio de impacto?”

Ele respondeu: “Negócio de impacto.”

Mesmo gostando do projeto, decidi não fazer parte. Me ofereci para ajudar a pensar num modelo mais sustentável porque, com todo respeito, o formato era totalmente de ONG.

E essa confusão é mais comum do que deveria.

Eu fico sinceramente feliz em ver uma nova geração, dez anos mais jovem que eu, já pensando em propósito. Mas a gente precisa falar sobre a realidade:

Propósito, sozinho, não sustenta nada.
(Eu queria que sustentasse. Mas não sustenta.)
 

Se o seu negócio não tem uma forma clara de gerar receita, ele vai depender de favores, editais, doações ou sorte. Isso não é estratégia. É fragilidade disfarçada de propósito.

A confusão entre causa e negócio

Em outra startup de impacto da qual participei, fiz uma observação direta para o fundador:
“O Instagram de vocês está com cara de ONG.”
O conteúdo era todo focado em frases como “ajude essa categoria de trabalhadores”. Mas faltava algo essencial: despertar desejo de compra.

Se ninguém compra, o impacto não acontece.
As pessoas não compram por pena. Compram por valor.
O produto precisa ser desejado, não apenas comovente.

E ali, o problema não era o modelo de negócio em si. Era o receio de vender, de se posicionar comercialmente.
Mas o propósito, sem tração financeira, vira só mais uma boa intenção esquecida com o tempo.

A startup infelizmente fechou as portas, mas carrego aquela experiência com muito respeito. O propósito continua vivo e virou combustível para os projetos que vieram depois

“Mas sem dinheiro, como é possível gerar impacto?”

Recentemente publiquei essa reflexão nas redes:

“Vi uma página com um propósito incrível, encerrando as atividades por falta de dinheiro. Isso me fez pensar em como muita gente ainda tem receio de falar sobre dinheiro ou se posicionar como negócio, com medo de ser chamado de ‘mercenário’. Mas sem dinheiro, como é possível gerar impacto?”

A Monique Evelle, Shark do Shark Tank Brasil, respondeu com exatidão:
“Exatamente!”

A página em questão tinha 180 mil seguidores, conteúdo com engajamento alto, propósito nobre, mas zero monetização. Resultado: fechou as portas. E o próximo passo costuma ser previsível: vakinha, doação, apelo. Nada contra as vaquinhas. Mas se o seu objetivo é ter um negócio de impacto, .você precisa de um plano claro de geração de receita. Precisa se posicionar como um negócio.

Propósito + Posicionamento + Produto

Quer gerar impacto real?

  1. Tenha um propósito claro.
  2. Crie um produto ou serviço que as pessoas queiram pagar por ele.
  3. Comunique com posicionamento estratégico: não é ajuda, é valor.

Se você erra no posicionamento, o mercado vai ver seu projeto como caridade — não como solução.

Finalizo essa coluna com uma frase que me guia:
Propósito é pra criar. Dinheiro é pra sustentar. Impacto de verdade exige os dois.

E se você está construindo algo com propósito, meu convite é: pare, revise e pergunte a si: qual é meu modelo de receita? O impacto que você sonha começa por aí

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