Do cérebro ao coração: neuromarketing e storytelling como estratégias de conexão com o público

mulher negra com cabelo médio bem cacheado., vestindo camiseta branca e óculos escuro, segura com a mão direta por trás dos ombros três sacolas de compras coloridas

Vivemos em um momento onde o consumidor é bombardeado por mais estímulos do que consegue absorver. Nesse cenário agitado, simplesmente chamar a atenção já não basta. O verdadeiro destaque vai para as marcas que sabem emocionar, e essa habilidade não acontece por pura sorte. É fruto de uma combinação precisa entre ciência e criatividade. Ou melhor dizendo: entre neuromarketing e storytelling.

A lógica por trás dessa união é bem simples: por um lado, o neuromarketing estuda como o cérebro reage aos estímulos e emoções durante o processo de decisão do consumidor. Por outro, o storytelling é a arte de despertar essas emoções por meio de narrativas envolventes.

Quando aplicadas em conjunto, essas estratégias colocam o marketing em um nível de construir experiências impactantes e memoráveis, que geram conexões reais e duradouras entre marcas e pessoas. Mas afinal, como unir essas técnicas para que realmente toquem o coração do seu público e influenciem suas decisões?

O poder do neuromarketing

Já parou para pensar por que uma propaganda te faz rir, chorar ou sentir arrepios e por que, provavelmente, pouco tempo depois, você está abrindo a carteira ou clicando em “comprar agora”? Estudos da Harvard Business School indicam que cerca de 95% das decisões de compra são tomadas no inconsciente.

É nesse território que o neuromarketing atua. Ao investigar como o cérebro reage a diferentes estímulos de marca, como embalagens, propagandas e experiências de compra, o neuromarketing permite criar campanhas mais eficazes e alinhadas com os desejos inconscientes do público.

Dessa forma, as marcas podem se comunicar de maneira mais empática ao mesmo tempo em que exploram não apenas argumentos racionais, mas também apelos emocionais para moldar experiências que geram conexão.

A Coca-Cola é um exemplo clássico dessa união. O som do “psshh” ao abrir uma latinha ou garrafa do produto é cuidadosamente usado em comerciais, sendo capaz de ativar sensações táteis e auditivas ligadas ao prazer e à antecipação. Quando a marca estampa nomes em suas latas, ativa gatilhos de individualidade, pertencimento e nostalgia.

Não é sobre refrigerante, é sobre se sentir único, relembrar momentos felizes e, claro, compartilhar isso com alguém. Resultado? Um salto de vendas num mercado já saturado. Isso só reforça o que a neurociência vem mostrando: quem conquista o cérebro emocional ganha espaço no coração, e no bolso, do consumidor.

Outro caso interessante é o da IKEA, que transforma o simples ato de andar pela loja em uma jornada sensorial. Tudo é pensado para criar uma experiência emocionalmente rica: seu layout em formato de labirinto estimula os clientes a percorrerem toda a loja, aumentando o tempo de permanência e a exposição aos produtos, o que favorece compras por impulso.

Enquanto que os ambientes decorados ajudam o consumidor a visualizar os móveis em uso, enquanto a possibilidade de tocar e testar os produtos ativa o envolvimento sensorial.

Contando histórias que cativam

Se o neuromarketing é sobre entender como o cérebro reage, o storytelling é capaz de provocar reações com precisão. Boas histórias ativam áreas do cérebro responsáveis por emoção, empatia e memória. Não é à toa que, ao ouvir ou assistir a uma história envolvente, seu cérebro libera dopamina (prazer), oxitocina (conexão emocional) e até adrenalina (excitação).

Quem domina essa arte é a Nike. Suas campanhas não vendem apenas tênis, vendem sonhos, superação e identidade. O icônico “Just Do It”vai além do produto e se transforma em um chamado à ação. Um exemplo é a campanha com o ex-jogador da NFL, Colin Kaepernick.

Com o slogan “Believe in something. Even if it means sacrificing everything“, a marca tocou em valores de justiça e coragem, mostrando que ela se preocupa com a moral e não apenas com o sucesso esportivo.

A Dove, por sua vez, redefiniu o padrão de beleza com sua campanha “Beleza Real”, destacando mulheres reais com corpos reais e construindo uma imagem de beleza mais inclusiva, diversa e autêntica, desafiando estereótipos e padrões irreais que podem prejudicar a autoestima de mulheres e meninas.

A iniciativa quebrou paradigmas e a marca criou uma identificação imediata com seu público. Mais do que vender sabonetes, vendeu autoestima e representatividade e isso se refletiu em aumento de vendas e fortalecimento de marca.

Quando a ciência encontra a emoção

Agora imagine unir o poder da ciência cerebral com a arte da narrativa. O neuromarketing fornece os caminhos e os gatilhos que funcionam; o storytelling dá vida a esses insights. Pode-se dizer que essa junção é o que torna campanhas inesquecíveis.

Ao apresentar o primeiro iPhone, Steve Jobs não destacou especificações técnicas. Disse que estava lançando “três produtos revolucionários em um só”. Falou sobre inovação, simplicidade e mudança de paradigma. Ele contou uma história sobre o futuro. O resultado foi mais do que sucesso de vendas: foi o nascimento de uma legião de fãs. A Apple entendeu como transformar o lançamento em espetáculo. 

A Netflix também é uma mestre nesse jogo. Por trás dos algoritmos de recomendação está um profundo entendimento do comportamento emocional do espectador. E quando se trata de storytelling, séries como Stranger Things mergulham em gatilhos como nostalgia, amizade e aventura combinados para gerar identificação instantânea com diferentes públicos, elementos que prendem nossa atenção e criam laços duradouros com a marca. O sucesso global da série não se explica só por seu roteiro, mas pela forma como ela ativa memórias afetivas dos anos 80 em quem cresceu naquela época e curiosidade em quem não cresceu.

Outro caso interessante é o da Airbnb, que não vende hospedagens, vende pertencimento. Vende histórias. Histórias de encontros, de hospitalidade e de pertencimento. “Belong anywhere” não é apenas um slogan: é um convite emocional, um apelo que transcende localização ou preço. E funciona porque toca em algo profundo, que o neuromarketing já comprovou como essencial: o desejo humano de conexão. 

Aplicando neuromarketing e storytelling em marcas de todos os tamanhos

A boa notícia é que não é necessário investir milhões no orçamento para aplicar neuromarketing e storytelling. O que importa é o quanto você conhece o seu público e o quanto está disposto a ouvir e entender suas emoções.

Comece entendendo as dores, desejos e aspirações do seu consumidor. Use pesquisas, interações nas redes sociais, análises de comportamento digital. Descubra o que realmente importa para ele, pois quanto mais emocionalmente você conhecer seu público, mais eficaz será sua comunicação.

Depois, estruture uma jornada emocional. Toda boa história tem um protagonista (o cliente), um desafio (o problema que ele enfrenta), uma jornada (as escolhas que precisa fazer) e uma transformação (a solução que sua marca oferece). Essa estrutura, inspirada na Jornada do Herói, funciona porque espelha a forma como nossa mente interpreta o mundo.

Use também gatilhos sensoriais e emocionais com sabedoria. A cor da sua marca, o som da sua campanha, a escolha das palavras tudo comunica. E tudo deve estar alinhado com os sentimentos que você quer evocar. Afinal, mais do que explicar um benefício, é preciso fazer o público sentir esse benefício.

A marca de luxo Tiffany & Co. entendeu isso ao tornar seu tom de azul um ícone, capaz de evocar sofisticação e desejo imediato. Já a Supreme explora o “medo de ficar de fora” ao lançar coleções limitadas, criando um senso de escassez e exclusividade, que leva os consumidores a agir rapidamente.

Ambas estão usando os mesmos princípios que estão ao seu alcance: o entendimento emocional do consumidor aliado a uma narrativa bem construída.

Leia também: Como o comportamento e identidade do consumidor tem tornado protagonistas da comunicação

Conecte, encante e converta

Neuromarketing e storytelling não são modismos ou estratégias isoladas. São pontes entre marcas e pessoas. E as marcas que aprendem a construir essas pontes emocionais não só vendem mais, mas se tornam inesquecíveis.

Em um mercado saturado de vozes gritando por atenção, quem vence não é quem fala mais alto, mas quem toca mais fundo. Quando você entende como o cérebro funciona e domina a arte de contar histórias, sua comunicação deixa de ser ruído e se transforma em uma experiência.

Então, o que sua marca tem a dizer? E, mais importante: como você vai fazer seu público sentir? Porque no fim do dia, produtos são esquecidos, mas as histórias e as emoções que despertam, permanecem. 

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