Segurança digital e a responsabilidade na era do algoritmos

Uma mulher com trajes profissionais segura um tablet enquanto observa gráficos digitais futuristas projetados ao seu redor. Os elementos gráficos incluem ícones relacionados à segurança digital, como cadeados, impressão digital, conectividade e engrenagens, simbolizando proteção e tecnologia. O fundo azul claro com padrões hexagonais reforça o ambiente tecnológico e inovador.

O ano de 2023 foi marcado pela importância da segurança digital, visto que uma série de ataques cibernéticos expôs dados pessoais de milhões de clientes de uma das maiores operadoras de saúde do Brasil. 

Esses ataques reforçam a urgência da privacidade de dados. Relatórios da Trend Micro mostram que, entre 2019 e 2023, os principais alvos de malware foram os setores industrial, governamental, saúde, educação e o sistema bancário.

Entenda como o caso expôs a fragilidade das infraestruturas digitais e levantou questões sobre como as relações entre indivíduos e empresas são mediadas pelo controle de dados. 

O papel dos algoritmos na vida digital

Um dos pontos críticos dessa discussão é o uso de algoritmos, que moldam não apenas o que vemos online, mas também como interagimos com o mundo digital. 

Como apontado pelo Facebook, “algoritmos são utilizados para melhorar a experiência das pessoas”. Contudo, essa personalização algorítmica levanta questionamentos sobre a transparência e o interesse por trás do controle dos dados dos usuários.

Os algoritmos não se limitam à personalização e já fazem parte do nosso cotidiano, algo que é visto em praticamente todas as plataformas digitais, desde aplicativos de namoro até gigantes do streaming, como a Netflix. 

Sua aplicação é hábil não apenas em influenciar a experiência on-line dos usuários, mas seus pensamentos, comportamentos, atitudes e escolhas. No entanto, eles não são neutros – ao serem baseados na programação das informações do sistema anterior e propriamente acerca da aplicação em si, eles podem se tornar sistemas preconceituosos e discriminadores.

Por exemplo, estudos mostram que os sistemas de reconhecimento facial possuem taxas de erro muito mais altas em pessoas negras e de outras minorias em comparação com os brancos. Em outras palavras, situações ainda mais vulneráveis ​​já estão sob maior risco de criminalização punitiva por sistemas de vigilância baseados em IA. Tal fato equivale a um agravamento da exploração social no espaço digital, e algoritmos mal monitorados ou não transparentes continuam perpetuando uma narrativa de opressão semelhante à existente no mundo “real”.

Não há dúvida de que a vigilância em massa, possibilitada pelo acesso fácil e sem precedentes aos dados pessoais, é também um aspecto preocupante da era digital. As empresas e os governos utilizam esta informação para monitorar o comportamento dos usuários, e muitas vezes fazem-no sem consentimento explícito. 

A linha entre a segurança pública e a violação da privacidade torna-se cada vez mais tênue, especialmente em situações em que as empresas colaboram com organizações governamentais para fornecer dados dos usuários.

O filósofo Pierre Lévy enfatizou que as Big Techs estão assumindo funções sociais e políticas antes reservadas aos Estados-nação, o que resulta no novo tipo de poder denominado “Estado-Plataforma”. Nesta nova configuração, porém, a privacidade individual é muitas vezes sacrificada em prol da “segurança” ou da “otimização” dos serviços, fazendo com que os cidadãos percam o controlo sobre os seus dados.

Para além dos problemas imediatos de discriminação e perda de privacidade, a vigilância em massa também pode ter um efeito desestabilizador sobre a confiança nas instituições e no próprio tecido social. 

Quando as pessoas sabem que estão sendo constantemente monitoradas, elas tendem a ajustar seu comportamento, o que pode inibir a liberdade de expressão e o direito à privacidade, dois pilares essenciais para uma sociedade democrática.

O que é preciso fazer para construir um futuro onde a privacidade e a segurança digital sejam garantidas?

Um cenário ideal para o futuro da privacidade de dados e da segurança digital incluiria, em primeiro lugar, meios transparentes de algoritmos. Os programas de inteligência artificial seriam regulamentados em uso, um exemplo disso seria a vigilância; ao mesmo tempo, auditorias independentes garantem que tais sistemas não perpetuem vieses. 

Políticas de proteção de dados robustas, como o GDPR na Europa, seriam reforçadas para garantir que as empresas possam coletar e compartilhar seus dados caso o registro esteja explícito e informado. Por outro lado, a implementação da LGPD só seria possível se fosse esclarecida quanto ao uso de tais informações.

A cibersegurança deve ser encarada como uma responsabilidade conjunta entre governos, empresas e cidadãos. As organizações precisam empregar fortes medidas de segurança, tais como criptografia avançada e melhores sistemas de resposta a incidentes, para garantir que os dados dos usuários não sejam vulneráveis ​​a ataques cibernéticos. O governo deve garantir resolutamente que esse aspecto não seja comprometida em nome da política e da economia.

Num futuro próximo, a vigilância em massa dirigirá sistemas de vigilância mais rigorosos e reativos, e os dados recolhidos para fins de segurança serão utilizados de forma mais eficaz e equitativa. A transparência na forma como os dados são armazenados e partilhados será normal e os cidadãos terão o poder de estabelecer mecanismos legais para proteger a sua privacidade.

Ao enfrentar esses desafios, o resultado é uma sociedade digital mais justa, na qual os avanços tecnológicos são utilizados para o bem coletivo e não para controlar ou dificultar. A chave para o futuro é a cooperação entre o governo, as empresas e a sociedade civil, trabalhando em conjunto para criar um ambiente digital que respeite a dignidade e os direitos de todas as pessoas.

Saiba mais sobre como se proteger digitalmente:

As 5 melhores práticas para proteger seus dados

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