Vivemos conectados. Respondemos mensagens no meio da reunião, abrimos o e-mail enquanto almoçamos, deslizamos entre abas e notificações como se fosse natural. E talvez já seja. Trabalhar online não é mais uma alternativa: é o cotidiano de quem vive o presente.
Mas se a era digital exige domínio de plataformas, aplicativos e métricas, o que realmente diferencia quem se destaca não é o número de ferramentas que domina, mas como se movimenta entre elas. As habilidades humanas foram e sempre serão fundamentais na revolução tecnológica.
Chamam de soft skills digitais. Eu chamo de sensibilidade para o que acontece quando uma vida atravessa a tela. Em outras palavras: é saber escutar com atenção mesmo sem o “olho no olho”, manter a empatia quando o outro é apenas um quadradinho no Zoom, traduzir ideias com clareza, negociar com gentileza, liderar sem sobrepor. E mais: desenvolver inteligência emocional, adaptabilidade, pensamento crítico e ética. Tudo isso enquanto lidamos com a volatilidade da internet.
Não à toa, pesquisas indicam que mais de 90% dos profissionais mais procurados hoje têm em comum a habilidade de se comunicar bem em ambientes digitais. Vai além de “falar bonito” ou ser “desenvolto no online” — é se responsabilizar pelo impacto das nossas palavras, da nossa presença e ausência nos espaços virtuais.
Enquanto aprendemos a usar ferramentas de IA, automatizar processos e pensar em estratégias escaláveis, precisamos perguntar: o que não pode ser automatizado em mim? Que tipo de profissional eu sou quando ninguém está me olhando pela câmera?
Desenvolver soft skills digitais é uma vantagem competitiva e um posicionamento ético diante de um mundo que se transforma a cada clique. E, talvez, o maior diferencial não seja apenas acompanhar essas mudanças, mas saber humanizá-las. Nesse cenário, a capacidade de construir relacionamentos e interagir se tornou tão essencial quanto o conhecimento técnico.
As empresas, cada vez mais, valorizam colaboradores com habilidades de comunicação, colaboração e adaptabilidade, que conseguem se destacar em ambientes de trabalho remotos e dinâmicos. Desenvolver essas soft skills digitais contribui para uma carreira bem-sucedida e aumenta a competitividade, tornando-o mais atraente para empregadores e abrindo portas para novas oportunidades.
As soft skills digitais mais valorizadas em 2025
Segundo a pesquisa Leadership Outlook 2025, do Evermonte Institute, as 10 soft skills mais demandadas pelas empresas este ano são:
Comunicação e escuta ativa:
Escutar de forma ativa e empática, especialmente quando a interação é mediada por telas. Mais do que falar, é preciso compreender as nuances nas palavras do outro para fortalecer o relacionamento interpessoal e favorecer uma colaboração mais produtiva.
Inteligência emocional:
Capacidade de reconhecer, entender e gerenciar as próprias emoções e as dos outros é importante para criar um ambiente de confiança, resolver conflitos de forma construtiva e tomar decisões equilibradas, mesmo sob pressão ou em cargos de liderança.
Orientação a resultados:
Foco nos objetivos e metas estabelecidos para saber priorizar tarefas, alinhar ações com as estratégias organizacionais e garantir que os recursos sejam bem utilizados para alcançar os resultados dentro dos prazos e expectativas definidos.
Resiliência:
Permite que o profissional se recupere rapidamente de obstáculos, mantendo uma atitude positiva e a motivação necessária para seguir em frente, ainda que tenha adversidades constantes no ambiente de trabalho.
Agilidade:
Capacidade de se adaptar com rapidez a mudanças, ajustando abordagens de maneira eficiente para responder a novos desafios e aproveitar oportunidades em um cenário corporativo dinâmico.
Pensamento crítico:
Analisar informações com profundidade, identificar padrões, avaliar diferentes perspectivas e tomar decisões bem fundamentadas. Indispensável para resolver problemas complexos e inovar com consistência.
Tomada de decisões:
Decidir com clareza e responsabilidade, analisando dados com a consciência dos impactos a curto e longo prazo, garantindo escolhas alinhadas aos objetivos estratégicos e aos valores éticos da organização.
Negociação:
Encontrar soluções que atendam aos interesses de todas as partes envolvidas, promovendo acordos sustentáveis e mantendo relações profissionais colaborativas e respeitosas.
Flexibilidade:
Permite que o profissional se adapte com facilidade a novas condições e demandas, mantendo a produtividade, a qualidade das entregas e a capacidade de lidar com múltiplas responsabilidades de forma equilibrada.
Criatividade:
Pensar fora da caixa, propor novas abordagens e desenvolver soluções inovadoras são atitudes cada vez mais valorizadas, pois impulsionam a melhoria contínua de processos, produtos e estratégias dentro das organizações.
Além disso, uma pesquisa da Catho revelou que 93% das empresas consideram a comunicação eficaz como uma das soft skills mais importantes, seguida por trabalho em equipe (88%), adaptabilidade (85%), inteligência emocional (83%) e resolução de problemas (80%).
Como desenvolver essas habilidades no ambiente digital
Desenvolver soft skills digitais requer autoconhecimento e prática consciente. Algumas estratégias incluem:
- Praticar a escuta ativa: prestar atenção plena ao que o outro está dizendo, sem interrupções, e demonstrar interesse.
- Buscar feedback: solicitar e aceitar retornos construtivos para aprimorar comportamentos e atitudes.
- Participar de treinamentos e workshops: investir em cursos que desenvolvam habilidades como comunicação, liderança e inteligência emocional.
- Refletir sobre experiências: analisar situações passadas para identificar pontos fortes e áreas de melhoria.
- Estabelecer metas de desenvolvimento pessoal: definir objetivos específicos para aprimorar determinadas soft skills.
Mais do que dominar ferramentas ou entender algoritmos, viver e trabalhar online exige presença. Aquela que não se mede em horas conectadas, mas em escuta, clareza e intenção. As habilidades interpessoais sempre foram essenciais, mas agora precisam atravessar telas. Quem entende isso acompanha o mercado e transforma a forma como se comunica, colabora e evolui.
Comece hoje. Pergunte a si: quais dessas habilidades eu já pratico e quais ainda preciso cultivar? Seu maior diferencial pode estar menos nas suas entregas e mais na forma como você constroi relações no digital.

Jornalista apaixonada pelas histórias que escapam ao óbvio – aquelas que raramente estão nos livros ou jornais. Desenvolve sua trajetória profissional por meio de novas experiências e especializações que a aproximam ainda mais do universo cultural, contribuindo para uma comunicação autêntica e significativa nesses espaços. Tem experiência em comunicação corporativa e marketing de produto e também atua como curadora de textos, acreditando que sempre há mais nas entrelinhas.