3 aspectos da cultura africana no Brasil que talvez você não conheça

Você já conhece algum aspecto da cultura africana no Brasil? Saiba que eles estão muito presentes no dia a dia, às vezes, até mais do que é possível notar. A presença desses aspectos culturais no cotidiano acontece porque o Brasil é um país continental que foi colonizado e povoado por diversos grupos.

Entre as pessoas que povoaram essa terra e deixaram muito dos seus ritmos, jeitos e crenças estão os africanos trazidos à força para serem escravizados.

Em meio a esse processo de escravidão e sobrevivência em terras brasileiras, muito das suas culturas passaram a fazer parte do processo de construção e formação desse país. Quer saber mais sobre as influências da cultura africana no Brasil? Siga nessa leitura.

Como e por que a cultura africana tem influência na cultura brasileira?

Antes de tudo, é importante destacar que a cultura africana é bastante diversa. Estamos falando de um dos territórios mais antigos do mundo, segundo arqueólogos. São mais de mil línguas, religiões, modos de vida que se espalharam pelo mundo ao longo dos séculos.

No entanto, apesar de seu tamanho e diversidade, a história da África, especialmente nos países colonizados e violentados em seus aspectos identitários e culturais, foi contada justamente por aqueles que queriam construir outra narrativa sobre esses povos: os colonizadores europeus.

Assim, a história dos negros e da África foi disseminada de forma distorcida e irreal. Isso significa dizer que a influência da cultura africana no Brasil foi em diversos âmbitos, apagada e negada historicamente.

Por esse motivo, muitas vezes não conseguimos perceber que alguns aspectos da nossa cultura vem dessa origem ou, por exemplo, dos povos originários.

Os povos africanos chegaram ao Brasil devido ao processo violento de escravização. Por esse motivo, algumas de suas práticas e vivências tiveram que ser reinventadas para que pudessem continuar sendo praticadas.

Isso porque nesse período, a opressão e violência contra tudo que viesse dos negros e negras trazidos da África eram muito fortes.

A religião é um grande exemplo. Ao contrário do que muitos acreditam, o candomblé não é uma religião africana e sim afro-brasileira.

Dessa forma, parte dos elementos, objetos, ritos, cantos e idiomas vieram de África, mas essa foi uma religião que se reinventou em solo brasileiro e acabou se misturando a outros aspectos culturais dos povos que compartilhavam desse mesmo território.

Essa mistura, inclusive, foi uma das estratégias de sobrevivência identitária criada pelos negros vindos do continente africano com o intuito de manterem vivas suas crenças e tradições.

Continue nessa leitura e conheça mais 3 aspectos da cultura africana no Brasil.

Conheça 3 aspectos da cultura africana no Brasil

A África é o continente habitado há mais tempo em todo o planeta. Isso faz com que uma das características principais do continente africano seja a grande diversidade cultural.

Junto com os diversos povos que foram trazidos de vários lugares da África, como, por exemplo, os malês, bantos, nagôs, jejes, yorubás, hauçás e muitos outros, vieram crenças, costumes, jeitos e línguas.

Desse modo, é possível notar todas essas influências na cultura brasileira. A culinária, a musicalidade, as palavras, a capoeira são algumas das influências que falaremos mais a seguir.

1. Culinária

Na culinária, a influência da cultura africana se mostra muito presente. Em aspectos como os usos de temperos de cheiros fortes e de frutos que foram trazidos da África e cultivados em terras brasileiras.

A exemplo do azeite de dendê que é muito utilizado na culinária brasileira, sendo mais recorrente em algumas regiões, como, por exemplo, na Bahia. Ele é extraído de um fruto produzido por uma espécie de palmeira chamada dendezeiro ou palmeira-de-dendê.

O dendezeiro é uma planta que tem origem na costa do Golfo de Guiné, parte litorânea ocidental do continente africano.

2. Língua

“Em terras do Brasil, eles tanto deveriam usar os nomes novos, de brancos, tanto louvar os deuses dos brancos, o que eu me negava a aceitar, pois tinha ouvido os conselhos de minha avó. Ela tinha dito que seria através do meu nome que meus voduns iam me proteger.”

Essa citação é um trecho do livro Um defeito de cor, da escritora Ana Maria Gonçalves e reflete parte da relação identitária e cultural que os povos africanos têm com a língua. Isso contribuiu para a preservação de palavras, nomes e até mesmo algumas  músicas e rezas que ainda são usadas pelos brasileiros.

Dentro do candomblé, por exemplo, é muito nítida a preservação de algumas línguas africanas. Nas casas do candomblé de nação Angola, as pessoas entoam cantigas em algumas línguas de origem banto – tronco linguístico que deu origem a diversas outras línguas no centro e sul do continente africano –  a exemplo do kimbundu e kicongo.

Além disso, há diversas palavras no nosso vocabulário que são de origem africana: cachaça, abadá, cafuné, caçula, caçamba, fubá, samba, moleque, quitanda, miçanga, são alguns exemplos.

3. Capoeira

“Mãe-África engravidou em Angola, partiu de Luanda e de Benguela. Chegou e pariu a capoeira no chão do Brasil, verde-e-amarela. (…)  É um jogo, é uma dança, é uma briga, de Benguela no Quilombo da Serra da Barriga.” (Toque de Benguela de Pedro Paulo Sobrinho)

Nessa música, Pedro relata um pouco da história e dos aspectos culturais da capoeira, que é muito mais do que uma expressão cultural afro-brasileira.

Ela é luta, ancestralidade e resistência. A capoeira foi uma das formas de sobrevivência desenvolvida de forma estratégica, utilizando a música, a dança, alguns instrumentos e ritmos com o intuito de se comunicar entre si e defenderem das violências vividas naquele período.

Dessa forma, a capoeira traz muitos aspectos da cultura africana, mas nasceu em solo brasileiro; sendo, assim, um grande exemplo da influência africana na cultura do Brasil.

Leia também: Jogos africanos: você sabe o que é Awalé? 

Dicas de leitura que evidenciam alguns aspectos da cultura africana no Brasil

  • Pretices e Milongas – Livro de poemas de Lande Onawale, escritor, contista, historiador e integrante do Movimento Negro Unificado (MNU). Obra publicada pela editora Organismo, em Salvador, no ano de 2019.
  • Um defeito de cor – Romance escrito por Ana Maria Gonçalves, escritora negra que abandonou a publicidade para se dedicar à literatura. Foi publicado no ano de 2006 pela editora Record.

 

Conheça também algumas escritoras africanas que trazem aspectos da cultura africana nas suas narrativas literárias.

Gostou desse conteúdo? Conta aqui nos comentários se já conhecia os aspectos citados no texto e se conhece mais algum que deseja compartilhar!

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