Mulheres negras na moda: conheçam os nomes que revolucionam o conceito de beleza

mulheres negras na moda

Vamos falar de mulheres negras na moda? Mas, antes disso, é  preciso entender que moda é o conjunto de opiniões, gostos, modos de agir e viver coletivos, para além do que é fashion e do que ocupa as grandes passarelas. Moda é construída socialmente dentro de padrões estabelecidos e aqui é onde precisamos romper, quem dita o que vamos querer consumir? 

Questões raciais transbordam quando percebemos as nuances do racismo nesse ambiente, apropriação cultural e blackface são as mais latentes e que provocam mulheres em todos os lugares. Agora podemos falar que em termos de América Latina e Caribe a moda pode estar ainda sendo forjada pelos olhos do colonizador. É preciso assumir que moda também é um movimento político. 

Nessas novas ondas, vamos conhecer quem são as mulheres negras que estão trilhando diferenças na moda?

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11 mulheres negras na moda que você precisa conhecer!

Buscamos referências em cenários diversos e listamos aqui mulheres que reverberam o compromisso latente ao rompimento com esse padrão eurocêntrico. Essa lista contém 11 mulheres negras que atuam diariamente em prol de uma compreensão de moda livre e descolonizada.

1. Daniele Damata

Daniele Damata (@damata_makeup), é especialista em maquiagem de pele negra, tendo co-produzido com algumas das marcas mais conhecidas do Brasil. O apagamento da pele negra no universo da maquiagem em específico é sempre ponto de reflexão: enquanto para mulheres brancas a maquiagem encontra-se em meio de subalternização, a pele negra não teve sequer o lugar da beleza para discussão.

Mesmo tendo sido em Kemet que as primeiras expressões de maquiagem tenham surgido, tons que não fossem brancos rosados ou bege claro tornam-se mistério dentre paletas de base e corretivo. E é esse um dos desafios de ocupar espaços no mundo da maquiagem, que as mulheres não-brancas possam ter escolha pela própria beleza.

2. Magá Moura

Magá Moura (@magavilhas), referência em moda. Nascida em Feira de Santana, na Bahia, criada em Irará e vivida em São Paulo, como ela mesma se apresenta, Magá é filha de costureira. 

Foi quando deixou de reproduzir padrões eurocêntricos que travavam a própria potência que pôde então descobrir o universo de expressão. Rompendo inicialmente com a estrutura imagética que pressiona pessoas pretas à “discrição”, lançando looks com cores, estrutura e cabelo!

3. Luana Carvalho

Luana Carvalho (@lxccarvalho), referência em moda. Gaúcha que vive no Rio de Janeiro, Luana tem pouca idade, mas muito respeito pelo caminho que trilha na própria pele. Provocando a moda e convidando outras mulheres a se expressarem com a própria vontade, desafiando supostas regras. Além do tom de pele, seu tamanho é fora do 36 e ela utiliza a internet para partilhar a vivência e assim convidar outras mulheres a amarem seus corpos. 

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4. Tasha & Tracie

Tasha & Tracie (@tashaokereke & @tracieokereke), itfavela! As gêmeas com sangue nigeriano que se tornaram famosas na música, já traziam o boom do novo com o blog Expensive $hit, abordando moda, cultura e muita música. Provando que moda é compromisso político e social, foram as primeiras brasileiras a saírem na página do Afropunk em 2015! 

O que é moda para além da postura? As gêmeas buscam dentro do Jardim Peri e no que é favela as próprias referências de estilo, além de fazer refletir nas próprias rimas. E falando em ancestralidade, vale a pena a leitura: Resgate da ancestralidade para a construção da identidade das crianças.

5. Luana Nascimento

Loo Nascimento (@neyzona), referência em moda. Tornou-se referência ao trilhar o caminho do amor, apresentando a ancestralidade e a sua própria relação com moda e cultura. 

Seu poder vem da infância, da preocupação que sua família tinha em que ela estivesse em paz com a própria imagem e como esse cuidado parental viria a provocar a publicitária, fazendo com que criasse sua marca: DressCoração, jóias e memórias. 

Luana tem o cuidado em construir a marca e ponderar em cada detalhe, de sua baianidade, sua pele escura, seu amor pelo amarelo e pelas estampas. 

6. Suyane Ynaya

Suyane Ynaya (@suyane_ynaya), referência em moda. Cofundadora da agência Mooc e Editora de Moda da Elle Brasil, Suyane leva referências da própria realidade e o pensamento de: melhorar sempre. 

A expectativa de que pessoas negras devem produzir como pessoas brancas é o que torna o mercado publicitário ainda mais cruel, moldado ao gosto do racismo. Negar a individualidade e a inerente coletividade de uma pessoa negra, é negar suas referências e assim apagar seu modo de criar e, para Suyane, assim como outras mulheres negras no mundo da moda, criar é resistência. 

7. Urias

Urias (@uriasss) referência em música e visual. A cantora, nascida em Minas Gerais, deixa claro o interesse em moda, Seus figurinos são sempre cheios de estilos e referências gringas e nacionais. O amor pelo modo de expressar surgiu na pré-adolescência desenhando croquis e admirando artistas que se expressavam visualmente além de um padrão. 

Urias busca juntar música em moda pela própria imagem. Enquanto um corpo distante desse sistema, a cantora acredita que a moda é um jeito de contar uma história da sua perspectiva. Uma mulher trans negra que entende o quão tudo está entrelaçado, entende que estética é postura e está sempre disposta a se rebelar na arte.

8. Isa Isaac Silva

Isa Silva (@isaacsilva_br) estilista. Em entrevista recente para Marie Claire, Isa Isaac Silva anuncia sua transgeneridade. Ao falar da mulher que nasceu para ser, Isa revela seu movimento disruptivo e questionador. 

Ela nunca quis fazer parte do sistema, mas transgredindo em parceria com gigantes do varejo Isa convida pessoas pretas a acreditarem em seu axé. Entusiasta das suas próprias raízes e nascida na Bahia, Isa Silva revela ao mundo o poder da estampa da fé e da expressão da identidade.

9. Liniker 

Liniker de Barros Ferreira Campos (@linikeroficial), a cantora, compositora, atriz e artista visual sempre esteve muito conectada à moda, para além de montar looks! A moda para ela é cultura a ser pensada do ponto de vista não padrão, não cis gênero. 

Liniker revela na sua postura que moda não é apenas caber numa calça jeans apertada ou usufruir tendências, mas deixar o próprio corpo à vontade onde se está. O que te faz sentir bem?

Sempre é um prazer falar de música, por isso, confira também: 4 cantoras negras que jamais serão esquecidas!

10. Tássia Reis 

Tássia Reis (@tassiareis_) referência em moda e música. Musicista, dançarina, cantora e compositora, Tássia Reis também é formada em Tecnologia e Design de Moda. A rapper começou a se envolver no hip hop através da dança, suas poesias viraram letras de música e lançou seu EP em 2014, sempre exaltando a beleza da mulher negra em trabalhos cheios de identidade. 

Em 2017 lançou a música XIU e a grife de mesmo nome voltada ao streetwear. Hoje, consolidada no mercado musical, Tássia Reis se destaca pelo seu vocal e pela sua estética. Gosta de desafiar. Suas referências familiares combinadas à experiência do curso de design fizeram Tássia desenvolver uma relação autêntica com a moda, vivendo no próprio mood e incentivando através da sua arte.

11. Luiza Brazil 

Luiza Brasil (@mequetrefismos), jornalista de moda e lifestyle. Pesquisadora do universo da moda e pioneira na criação de conteúdo digital do segmento no Brasil. Luiza é idealizadora do mequetrefismos, a plataforma que objetiva fazer curadoria e impulsionar pessoas, projetos e trabalhos que tenham protagonismo negro. 

O viés racial cultural e social foi o que fez Luiza fundar também o MEQUELab, o laboratório de comunicação que desenvolve conteúdo em diferentes formatos com ênfase em proporcionar acesso à informação. A jornalista também é responsável por uma coluna de LifeStyle na revista Glamour, onde debate questões sobre raça e gênero.

Construir essa lista é um imenso prazer, encontrar as histórias, trazer a trajetória dessas mulheres negras na moda e perceber a força propulsora desses enredos, em suas existências. E você, gosta de moda? Conhece alguma mulher negra que tem feito a diferença no mundo da moda?  Compartilhe conosco nos comentários!

Texto escrito por

Thaís Fátima, uma mulher muito baiana e muito virginiana. Por acaso é pedagoga e acredita muito na construção do conhecimento, por isso escreve, é sua forma de plantar e colher.

Uma resposta

  1. Eu amo as mulheres, e não excluo do meu amor as mulheres negras em hipótese alguma. E, da mesma forma que acho, aliás, acho não, tenho a certeza, com relação às mulheres chamadas brancas, os homens vão ter entender, “por bem ou por mal”, que elas são as legítimas e únicas proprietárias de seus respectivos corpos. O dia que todo homem começar a entender isso começa ao mesmo tempo a própria libertação dele também. E tenho dito.

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