Mulheres na política: como nós estamos ocupando esse espaço?

mulheres na política

Você já notou que existe pouca representatividade de mulheres na política?

Infelizmente isso não é motivado por uma simples coincidência ou pela falta de interesse das mulheres em ocupar esses espaços.  Essa é uma realidade que ainda estamos lutando para contornar e essa luta não é nova.

Isso se deve ao fato de que historicamente mulheres foram silenciadas e proibidas de acessarem espaços de poder, a exemplo dos cargos políticos.

Mas, afinal, qual a importância das mulheres na política e como ser mais participativa nesses espaços? Se você tem interesse em saber mais sobre o tema, siga na leitura conosco.

Contexto histórico das mulheres na política

As mulheres historicamente não tiveram acesso a espaços de poder e, quando nos referimos a mulheres negras e indígenas, isso fica ainda mais acentuado. Esse processo se dá por estruturas discursivas violentas: como o machismo e o racismo.

Um dos momentos históricos mais conhecidos em busca da presença feminina na política foi o movimento sufragistas no século XIX, na Europa, em que as mulheres reivindicavam o direito ao voto.

No entanto, o sufrágio universal, ou seja, o voto universal só chega em 1948 na política global por meio da Declaração Universal dos Direitos Humanos. O voto se torna então, um direito humano básico.

As mulheres na política brasileira

No Brasil, só na Constituição de 1988 que se estabeleceu esse direito a todos os cidadãos e cidadãs, incluindo mulheres negras e indígenas.

Vale ainda chamar atenção para a diferença na busca por espaço na esfera política entre as mulheres. Para as mulheres brancas, a luta é em busca da igualdade de direitos com os homens; enquanto as mulheres negras e indígenas almejam sair da posição de subalternidade e além de lutarem contra o machismo, também precisam enfrentar o racismo.

As estruturas do machismo e o do racismo operam contra a vida das mulheres negras e indígenas, por isso, maiores vulnerabilidades atravessam esses grupos.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 27% da população feminina se declara negra, no entanto, ainda assim, apenas 2% do Congresso Nacional é representado por mulheres negras e menos de 1% ocupa algum cargo na Câmara dos Deputados.

Nas eleições municipais que aconteceram no ano de 2016, em todo o país, somente 32 mulheres negras foram eleitas. E em nove capitais (São Luis, Recife, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Aracaju, São Paulo) nenhuma vereadora negra foi eleita para compor o quadro parlamentar.

Dados como esses reforçam a necessidade de fazer com que mais mulheres negras e indígenas ocupem cargos de poder, já que esse é um espaço de tomada de decisões e esses espaços precisam ser ocupados por pessoas que terão atenção e empatia por grupos que, infelizmente, ainda sofrem violências em diversos âmbitos sociais.

Portanto, agora que você já sabe a importância de ter mulheres na política, conheça três mulheres negras e indígenas que tiveram, ou têm, grande importância nesse cenário no Brasil.

3 mulheres negras e indígenas que ocuparam espaços na política

1. Maria Antonieta de Barros

Maria Antonieta de Barros tem grande importância na trajetória política das mulheres brasileiras, especialmente para as mulheres negras. Ela foi a primeira parlamentar negra na história do Brasil. Foi eleita como deputada estadual, em Santa Catarina, no ano de 1934.

Além disso, Antonieta era educadora e acreditava na educação como poder revolucionário e libertador. Por isso, lutava a favor da educação para todos. Aos 17 anos, fundou o curso particular “Antonieta de Barros”, que tinha o objetivo de combater o analfabetismo de adultos carentes.

2. Joênia Wapichana

Eleita em 2019, foi a primeira mulher indígena a ocupar uma vaga como deputada federal pelo estado de Roraima. Antes dela, apenas Mario Juruma tinha ocupada uma vaga na Câmara dos Deputados (1983-1987). Além disso, Joênia é advogada e foi a mulher indígena a exercer essa profissão no país.

Joênia é da comunidade indígena de Turuaru da Cabeceira, em Boa Vista. Antes da entrar na vida política, ficou conhecida por fazer uma sustentação oral no Supremo Tribunal Federal, em defesa da demarcação da Terra Indígena Raposa Sera do Sol.

3. Marielle Franco

Marielle Francisco da Silva, conhecida como Marielle Franco era natural do Rio de Janeiro. Socióloga e politica, Marielle teve uma vida breve, de julho de 1979, a 14 de março de 2018, quando foi assassinada a tiros, junto com seu motorista, Anderson Gomes.

Foi eleita vereadora do Rio de Janeiro para a Legislatura de 2017-2020, durante a eleição municipal de 2016, como a quinta maior votação. Era feminista, defendia os direitos humanos e denunciava as ações abusivas em comunidades carentes do Rio.

Dicas de como ser mais participativa na política

Informe-se

Busque informações sobre acontecimentos políticos, sobre a história das mulheres na política e a importância de estar presente e consciente nesses processos. Para isso, você pode usar recursos como: filmes, artigos de blogs, livros, podcasts e outros recursos que podem servir como informativos.

Conheça as mulheres que estão na política

Conhecer as mulheres que fazem parte desses espaços pode ajudar você a compreender o que está sendo feito e quais são as ausências e necessidades de mudança. Assim, poderá ter mais consciência politica na hora de tomar decisões.  Comece pelo seu município, você sabe quem são as mulheres na política local?

Participe dos processos de votação

O voto é uma conquista histórica das mulheres e é um lugar importante para exercermos o nosso poder de decisão. Sendo assim, através dele você pode ser mais participativa nas escolhas coletivas.

Bônus: dica especial para se aprofundar no tema

  • Sementes: mulheres pretas no poder

Um filme dirigido por Éthel Oliveira e Júlia Mariano, foi realizado por uma equipe majoritariamente feminina.

Estreou no Rio de Janeiro no ano de 2020.  Nesse longa-metragem, as diretoras Éthel e Júlia acompanharam seis das 4.398 mulheres negras que disputaram cargos legislativos em 2018.

Esse filme está disponível no Itaú Cultural e vale a pena assistir.

  • Mulheres negras e poder: Um ensaio sobre a ausência

Ensaio escrito no ano de 2009, por Sueli Carneiro, filósofa, escritora e ativista. Nesse texto a autora aborda a ausência de mulheres negras em cargos de poder e sobre a violência política de gênero e raça sofrida por essas mulheres.

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